CC Magazine: A Verdadeira História
 

A Verdadeira História




Muito se conta sobre esta colecção “Campeões de Portugal” da época 77/78 e, é sem dúvida uma das colecções nacionais mais raras que, qualquer coleccionador pode ter. Muitos são também os boatos e as imprecisões, que são relatadas nos mais diversos sítios, blogues e outras fontes de informação, mas o “Cromo dos Cromos” decidiu investigar e, junto de quem conheceu pessoalmente um dos já falecidos, proprietários do Clube do Cromo (editora que lançou a colecção), averiguámos toda a verdade.




O Sr. António (um dos então proprietários do Clube do Cromo) tinha - entre outras - três paixões: o futebol, os cromos e, principalmente um especial apreço pelas divisões secundárias da “modalidade rei”. Não foi nos anos 70, que os cromos começaram a circular em Portugal, já há várias décadas, desde o tempo dos cromos em caramelos (e não só) que as “figurinhas” dos futebolistas faziam parte do imaginário de miúdos e graúdos mas, nunca até então se tinha publicado (ou tentado) algo semelhante.




O sonho do Sr. António, eram então “oferecer” aos coleccionadores, a maior colecção jamais alguma vez publicada em Portugal e totalmente virada para o futebol português. O projecto era complicado, mas ao mesmo tempo aliciante e “o homem foi atrás do sonho”. Passando a citar um excerto da apresentação da colecção: (...) calculas quantos quilómetros foi necessário percorrer para fotografar as 42 equipas que constam do presente álbum e as restantes 30 que irão incluídas no álbum adicional? Foi necessário fotografar com sol, chuva e nevoeiro. Equipas houve que tiveram de ser fotografadas em duas vezes , por se ter inutilizado o material obtido, recorrendo a novos jogos ou treinos... (...) dá para entender as dificuldades de levar a cabo, uma tarefa desta dimensão.




A ideia foi então a seguinte. A colecção seria dividida em dois álbuns, no primeiro iriam sair: 16 equipas de futebol da 1ª divisão, jogadores titulares os principais suplentes, a galeria de treinadores da 1ª divisão, 8 equipas da 2ª divisão Zona Norte, 8 equipas da 2ª divisão Zona Centro e 8 equipas da 2ª divisão Zona Sul, juntamente com a caderneta, que custaria 30$.




O segundo álbum (este que teria a oferta da caderneta) ficaria guardado para a época seguinte. Neste álbum iriam então sair os restantes cromos, onde constavam : 7 equipas da 2ª divisão Zona Norte, 7 equipas da 2ª divisão Zona Centro, 7 equipas da 2ª divisão Zona Sul, 6 equipas da 3ª Divisão (Campeões), 1 equipa completa dos Açores e as principais transferências. Em qualquer um dos álbuns, em todas as equipas iriam constar cromos individuais dos principais jogadores, “cromos de equipa” e ainda, dos treinadores. As fotos seriam de Francisco Ferreira, com a impressão por parte da E. P. S. P. - Lisboa e Sossacos – Odivelas e a criação, maquetização, edição e propriedade, então a cargo do Clube do Cromo. Falando em números, este “sonho” ficaria em nada mais, nada menos que 623 cromos (só o primeiro álbum, o segundo iria contar com cerca de metade), espalhados pelas três principais divisões do nosso futebol e, seria sem dúvida alguma, a maior colecção de sempre, já lançada em Portugal e sobre o futebol português.




A dimensão do projecto era tão grande, que ainda foi impressa uma página de complementos, onde constavam cinco cromos e uma advertência muito importante, que passamos a citar: (...) Embora tivéssemos tentado não cometer erros nos nomes dos jogadores, atendendo às difculdades que ocorreram na identificação de centenas de slides, e depois, na composição e montagem, pode suceder, existirem algumas trocas de nomes dentro de cada equipa, facto que, a suceder, pedimos desculpa (...).




Mas foi essa mesma dimensão, o tamanho do projecto, que “deitou por terra o sonho”, apesar de toda a vontade e ambição em concluir a colecção. Ao contrário do que se diz “por becos e travessas”, a colecção nunca foi completada. Aliás, nem sequer todos os cromos foram impressos, logo quem diz ter esta colecção completa, simplesmente não diz a verdade. Sabemos e, junto de fonte segura que, nem do primeiro álbum foram sequer impressos todos os cromos, como é exemplo a equipa do Gil Vicente, da qual não saiu nenhum cromo. Do segundo álbum apenas foram impressos, alguns cromos de “fases de jogo”, 4 do Leixões, mais 12 do Luso do Barreiro e ainda, o “cromo de equipa” do mesmo clube.




Esta “epopeia” não deixa de ser uma história bonita, mas ao mesmo tempo triste. Não só por essa razão, mas como uma das principais, o investimento feito neste “sonho”, veio a abalar muito o Clube do Cromo, que passado não muito tempo fecharia as portas. Por tudo o que esta colecção envolve para os coleccionadores, pelo sonho que um homem teve, decidimos fazer esta reportagem e, esclarecer de uma vez por todas, a verdadeira história desta “mitológica” colecção.




O sonho não foi alcançado, mas fica pelo menos a satisfação, de que o Sr. António, esteja ele onde estiver, estará por certo orgulhoso, do culto que se tornou em volta desta colecção, mesmo hoje, passados mais de trinta anos!


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