Barros era um cromo emblemático do futebol português nos anos 70 e 80, porque no meio daquela famosa equipa do Benfica em que todos tinham barba ou bigode era quem ostentava a barba maior. O seu estilo de jogo, ainda por cima, condizia bem com a imagem: o portuense era um defesa duro de roer, que entrava com tudo em cada lance e não deixava as suas brigas para mais ninguém. No Benfica ganhou quatro campeonatos a jogar e perdeu duas finais da Taça de Portugal, prova que só viria a ganhar – ainda que não jogando a partida decisiva – com as cores do Boavista.
António Monteiro Teixeira de Barros, nascido no Porto em 2 de Outubro de 1949, fez toda a formação como futebolista no Leixões, em cuja formação principal se estreou a um mês de completar 19 anos, no dia 8 de Setembro de 1968, pela mão de José Águas, ex-glória benfiquista. A ocasião era a primeira jornada do campeonato e naquela altura o Leixões era famoso pelos “bebés” que lançava na primeira equipa. Como a estreia correu bem (0-0 em Guimarães), Barros manteve-se no onze que uma semana e meia depois jogou para a Taça das Cidades com Feira contra o Arges Pitesti, da Roménia. E fez quase toda a época como titular, marcando mesmo um golo, num remate de longe, a valer o empate no Estádio do Mar contra o mesmo Vitória de Guimarães que lhe assinalara a estreia. Foram dois anos de vermelho e branco às listas onde, quer com Águas, quer na época seguinte, com António Teixeira, Barros só não jogava quando estava impossibilitado de o fazer. Foi o caso em três jornadas do campeonato de 1969/70, depois de ter sido expulso contra a Académica. O primeiro incidente de uma carreira que acabou por ser rica nesse aspecto.
No Verão de 1970, transferiu-se para o Benfica, que acabara de perder o campeonato e queria renovar o grupo. Barros começou a época como titular na equipa liderada por Jimmy Hagan, mas acabou depois por passar a maior parte do tempo na sombra de Adolfo e Malta da Silva, os laterais mais utilizados. Acabou por conquistar o primeiro título de campeão nacional, mas para ele começava um tempo difícil: se jogou pouco na primeira época, na segunda nem calçou. E a solução passou pelo empréstimo ao União de Coimbra, que em 1972 regressara à I Divisão. Aí, Barros foi uma das figuras – mais uma vez, só falhou jogos em que estava suspenso – mas não conseguiu evitar a descida de divisão. E quando voltou ao Benfica, mais rodado, já acumulou mais minutos na equipa principal. Em 1973/74, com a lesão de Messias, entrou na equipa em Janeiro, para jogar a defesa central, e Fernando Cabrita manteve a confiança nele até ao final da época, que se extinguiu com a derrota na final da Taça de Portugal, frente ao Sporting (partida que Barros jogou a defesa-esquerdo).
Estava finalmente a chegar o seu tempo no Benfica. Em 1974/75, com Pavic, foi titular habitual, entre o centro e a esquerda da defesa, e marcou mesmo dois golos (ao Leixões e ao Oriental) na caminhada para o título. Voltou, porém, a perder a final da Taça de Portugal, desta vez com o Boavista. E em 1975/76, já com Mário Wilson aos comandos, voltou a marcar presença no onze base da equipa que revalidou o título. Só que aí começou a apagar-se a sua chama. Mortimore apostou nele quando chegou, em 1976, mas uma expulsão em Portimão permitiu a entrada na equipa do guineense Alberto e isso significou o fim da linha para Barros. Fez mais dois jogos até ao final da época e, mesmo tendo ficado no plantel, deixou de contar para o treinador inglês: em 1977/78 foi várias vezes ao banco mas não jogou um único minuto em nenhuma das provas em que o Benfica participou.
Chegava a altura de sair de vez da Luz e Barros escolheu voltar ao Porto, onde assinou pelo Boavista. Jogou pouco, porém – apenas em Março e Abril, depois de Jimmy Hagan ter substituído José Carlos no comando da equipa – mas ainda contribuiu com presença nos dois desafios dos quartos-de-final, frente ao Belenenses, para a vitória dos axadrezados na Taça de Portugal. E depois… apagou-se. Só voltou a aparecer em 1982, aos 32 anos, quando alinhou no Portimonense de Artur Jorge. E despediu-se da I Divisão na época seguinte, com a camisola do Estoril: Mário Wilson chegou em Janeiro, para substituir António Medeiros, e enfrentando uma receção ao FC Porto deu a primeira oportunidade a Barros, que se bateu galhardamente e ajudou a equipa canarinha a manter o empate a zero frente aos futuros campeões nacionais. O Estoril, que só somara seis pontos nas primeiras 14 jornadas e parecia enfrentar a descida certa de divisão, começou então a pontuar: empatou em Águeda, venceu em casa o Braga, empatou com o Benfica na Luz e com o Farense na Amoreira... Na penúltima jornada, a 6 de Maio de 1984, Barros esteve na vitória (2-1) frente ao Rio Ave que mantinha a esperança na manutenção. Mas viu um cartão amarelo que o afastou da última partida, na qual o Estoril acabou por sucumbir (0-8) frente ao FC Porto nas Antas. No mesmo dia, o Salgueiros ganhou ao Boavista e o Estoril desceu de divisão.
BARROS NA I DIVISÃO
1968/69 Leixões 21/1
1969/70 Leixões 23/0
1970/71 Benfica 5/0
1971/72 Benfica 0/0
1972/73 U. Coimbra 25/0
1973/74 Benfica 13/0
1974/75 Benfica 27/2
1975/76 Benfica 26/0
1976/77 Benfica 10/0
1977/78 Benfica 0/0
1978/79 Boavista 4/0
1982/83 Portimonense 19/0
1983/84 Estoril 13/0
TOTAL: 185 jogos e 3 golos
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