CC Magazine: (8) - José Eduardo
 

(8) - José Eduardo




 


José Eduardo ficou na memória dos adeptos de futebol em Portugal como um defesa lateral duro e difícil de bater. O lance em que partiu a perna a Jordão, em Setembro de 1978, tornou-se um rótulo impossível de apagar, mas a verdade é que os dois ficaram amigos para a vida, mesmo depois do avançado angolano se ter afastado de tudo o que tem a ver com o futebol e o defesa minhoto se ter tornado num muito bem sucedido empresário de hotelaria. A história futebolística de José Eduardo tem três títulos, todos ao serviço do Sporting, mas nenhum golo marcado.

Nascido em Caminha, a 3 de Março de 1955, José Eduardo Malheiro Sampaio já cresceu em Lisboa e aprendeu a jogar futebol no Domingos Sávio e no Atlético. Foi na equipa de Alcântara que chegou a sénior, contribuindo para a subida de divisão em 1974. Foi uma subida sofrida, conseguida apenas na liguilha, depois de um segundo lugar na Zona Sul da II Divisão, atrás do União de Tomar. Mas na primeira jornada do campeonato de 1974/75, a 8 de Setembro, com apenas 19 anos, lá estava José Eduardo entre os titulares escolhidos por Fernando Vaz para enfrentar o Leixões. Jogou ali os primeiros 45’ na I Divisão, mas ao intervalo, com 0-0, saiu para dar lugar a Moniz. O jogo abriu, mas acabou na mesma empatado, a um golo. José Eduardo acabou por agarrar a titularidade após um jogo que correu mal a toda a equipa, uma derrota por 8-0 em Setúbal, e ficou entre as primeiras escolhas mesmo quando o comando técnico passou para as mãos de Carlos Silva. Aliás, na época seguinte, foi escolha fixa deste treinador, estando no polémico jogo com o Sporting, na Tapadinha. Com 2-2 no marcador, aos 81’, o árbitro, Amândio Silva, apontou um penalti contra os verde-brancos; os adeptos leoninos não gostaram e invadiram o campo, impedindo que o penalti fosse marcado, pelo que o resultado acabou por ser um 3-0 a favor do Atlético. Foi a primeira vitória de José Eduardo contra um grande – curiosamente, todas as que conseguiu foram ou contra o Sporting ou a jogar no Sporting, o seu clube do coração.

Em 1976, José Eduardo rumou ao Algarve, para defender as cores do Portimonense, que acabara de subir ao escalão principal. Voltou a empatar a dois golos com o Sporting, depois de estar a ganhar por 2-0 logo aos 10’, e escapou por pouco à descida de divisão. Não teve a mesma sorte em 1977/78, embora tudo tenha feito para evitar a queda. É que José Eduardo nem sempre jogou a partir do momento em que Mário Lino substituiu José Augusto à frente da equipa – regressou à 27ª jornada, num empate em casa com o FC Porto, esteve também depois em vitórias contra o Feirense e o Riopele, mas já falhou a última partida, uma derrota em Alvalade por 1-0 que ditou a queda do Portimonense no segundo escalão. José Eduardo, contudo, seguiu para Famalicão, onde se tornou titular fixo de Mário Imbelloni e viveu o tal incidente que roubou quase seis meses da época a Jordão. Os minhotos acabaram por descer de divisão, mas José Eduardo assinou pelo… Sporting, onde encontrou Jordão. Os dois acabaram por dar-se às mil maravilhas.

No Sporting apareceram os títulos. José Eduardo foi titular logo na primeira jornada, contra o Estoril, mas depois saiu da equipa. Ainda se estreou na UEFA, em Kaiserslautern, entrando aos 40’ para o lugar do lesionado Inácio no jogo que ditou a eliminação leonina, mas só agarrou a titularidade em Março. Esteve, porém, a tempo inteiro, nas últimas dez jornadas, aquelas que marcaram o arranque decisivo da equipa de Fernando Mendes para o título – nelas, os leões somaram oito vitórias e dois empates, em Portimão e nas Antas, sofrendo apenas três golos. Depois de passar a época de 1980/81 entre a titularidade e o banco, o ano do segundo título nacional (1981/82) é o que marca também a menor utilização de José Eduardo. Malcolm Allison tinha outras opções, graças ao crescimento de Carlos Xavier e Mário Jorge, e José Eduardo andou poucas vezes nas primeiras escolhas – o suficiente para se tornar mais uma vez campeão nacional, porém. Despediu-se do Sporting como jogador – é hoje membro do Conselho Leonino – na época seguinte, mais uma vez atuando poucas vezes, mas marcando ainda assim presença nos jogos da Supertaça, ganha frente ao Sp. Braga – o seu terceiro título nacional. E foi em Braga, no jogo de campeonato, que envergou pela última vez oficialmente a camisola leonina: a 20 de Março de 1983, com 0-0 no marcador, entrou ao intervalo para o lugar de Nogueira, mas os minhotos acabaram por ganhar por 3-0, com golos de Dito, Wando e Fontes.

José Eduardo voltou a jogar no relvado de Alvalade, mas agora com a camisola do Penafiel. Logo na abertura do campeonato de 1983/84, assistiu da “primeira fila” à estreia de um portento: com 0-0 ao intervalo, entrou Futre, e os leões acabaram por arrasar o Penafiel por 5-1. Na que acabou por ser a sua época de despedida dos relvados, José Eduardo foi titular do Penafiel nas primeiras 24 jornadas: a equipa não voltou a ganhar um jogo depois disso, mas acabou por conseguir a manutenção. José Eduardo é que não ficou para jogar mais. Despediu-se a 31 de Março, dias depois de fazer 29 anos, num empate em casa com o Farense. Sem golos, como é apanágio da sua carreira.


JOSÉ EDUARDO NA I DIVISÃO

1974/75 Atlético 20/0
1975/76 Atlético 26/0
1976/77 Portimonense 27/0
1977/78 Portimonense 16/0
1978/79 Famalicão 28/0
1979/80 Sporting 13/0
1980/81 Sporting 17/0
1981/82 Sporting 4/0
1982/83 Sporting 6/0
1983/84 Penafiel 24/0

TOTAL: 181 jogos e 0 golos







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