CC Magazine: Paulo Monteiro
 

Paulo Monteiro




Dados biográficos: Paulo Jorge Câncio Monteiro (14.06.1964)
Iniciação: Almada AC.
Sénior: Almada AC, Atlético CP, CF “Os Belenenses”, SC Salgueiros, SC Braga, E. Portalegre, GD Pescadores.


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Estávamos no ano de 1964, o SL Benfica revalidava o título nacional e fazia a “dobradinha”, ao golear o FC Porto, na final da Taça de Portugal. Em Viena o Internazionale (vulgo Inter de Milão) batia o Real Madrid e, tornava-se pela primeira vez Campeão Europeu. Estávamos no tempo dos Beatles e, Sean Connery brilhava no papel de 007 em “Goldfinger”.

Em Almada, na margem contrária a Lisboa, nascia a 14 de Junho: Paulo Jorge Câncio Monteiro. Foi exactamente na sua terra natal e, no Almada Atlético Clube, que Paulo Monteiro iniciou uma carreira de mais de década e meia no nosso futebol. Do Almada, “atravessou a ponte e deu um salto” até ao Atlético Clube de Portugal, onde despertaria o interesse do CF “Os Belenenses”, clube que representou durante sete épocas consecutivas. Esteve em duas finais da Taça de Portugal (vencendo uma), com os “azuis do Restelo”, brilhou na Europa (venceu o FC Barcelona) e chegou ainda a internacional esperança e olímpico.

O blogue “O Cromo dos Cromos”, chegou à fala com o Paulo Monteiro, desafiando-o para uma entrevista, ao qual de imediato respondeu: “É com todo o prazer que estou disponivel para colaborar com o blogue”.




Paulo Monteiro, começou então a dar os seus primeiros passos, no Almada Atlético Clube, fazendo a sua primeira época como sénior, corria a época de 1982/83.


Cromo dos Cromos: Começou a sua carreira no Almada. Aos 18 anos, alguma vez pensou vir a jogar na 1ª divisão, nas competições europeias? Quais eram as suas aspirações na época?

Paulo Monteiro: Sim, sempre pensei em jogar na 1ª divisão e nas competições europeias é um sonho que tinha desde muito jovem.


CC: No Almada, foi colega do Galo, companheiro que viria a estar a seu lado, em várias etapas da sua carreira, não foi?

Paulo Monteiro: Correcto, iniciámos no Almada uma amizade que se transparecia numa óptima parceria em campo, com muitos e bons resultados.




CC: Em 1984/85, transfere-se para o Atlético. Não ficou muito longe de casa, Digamos que foi “um atravessar da ponte para a outra margem”. Como surgiu essa oportunidade de representar os alcantarenses?

Paulo Monteiro: Foi num jogo da 3ª divisão entre o Almada e o Atlético no qual marquei um golo, e , após esse jogo surgiu da parte de Ruas (técnico do Atlético) o convite. Aproveitei a oportunidade de jogar na 2ª divisão uma vez que o Atlético acabou por subir nesse ano.


CC: No Atlético foi treinado por Jesualdo Ferreira. Terá sido um treinador que o marcou? Pois esteve apenas essa época na Tapadinha, dando de imediato o “salto” para a 1ª divisão...

Paulo Monteiro: Claro, marcaram-me imenso. Tanto Jesualdo como Ruas, tinham métodos inovadores que nos levavam a ter mais capacidade física e técnica, daí a rápida evolução como jogador e o “salto” para a 1ª divisão.




CC: Do Atlético para o CF “Os Belenenses” foi novamente uma curta distância a percorrer, mas desta vez o “salto” foi grande. Estreia-se na 1ª divisão em 1985/86, pela mão do inglês James Melia e, curiosamente é a época onde aponta mais golos.

Paulo Monteiro: Foi uma boa adaptação ao futebol profissional, tive um boa recepção pela parte da equipa do Belenenses. Tudo isso junto com a minha força de vontade resultou nessa grande época.


CC: Foi também logo nessa época de estreia, e já com Henri Depireux, que participa na sua primeira final da Taça de Portugal. Lembra-se dessa final, frente ao SL Benfica?

Paulo Monteiro: Perfeitamente. Foi um sonho realizado, jogar uma final da Taça, fica a lembrança dos adeptos presentes a torcer pelo Belenenses (mais de 20.000) e o triste resultado.




CC: Em 1986/87, perdeu alguma predominância na equipa. Henri Depireux, não apostou tanto em si, fazendo apenas 5 jogos a titular. Por certo o treinador belga, não lhe terá deixado saudades...

Paulo Monteiro: Sofri uma lesão no inicio da época pelo que estive ausente algum tempo. Outros aproveitaram a oportunidade estando a demonstrar resultados, pelo que nessa época não apostou tanto em mim.


CC: Mas na época seguinte, já com Marinho Peres no comando, tudo foi diferente. Fez talvez uma das suas melhores épocas de sempre, com o CF “Os Belenenses” a atingir um brilhante terceiro lugar no campeonato...

Paulo Monteiro: Foi um ano que comecei bem, quer física quer psicologicamente e como felizmente não houve lesões, consegui demonstrar as minhas capacidades. Trabalhando em equipa tivemos um bom resultado.




CC: Foi também em 1987/88, que o CF “Os Belenenses” defrontou o FC Barcelona na Taça UEFA. Apesar de eliminados, ainda venceram os catalães no Restelo (golo de Mapuata a passe de Mladenov). Como foi essa eliminatória, principalmente jogar em Camp Nou?

Paulo Monteiro: Foi delirante jogar com o estádio cheio, cerca de 90.000 pessoas. Foi um jogo sem duvida inesquecível. A equipa portou-se bem apesar de sofrermos dois golos quase no fim do jogo.


CC: Em 1988/89, vence a Taça de Portugal. Apesar de não ter jogado (na final), como viveu esse momento ímpar, ao bater o SL Benfica, no Jamor?

Paulo Monteiro: Estive presente em todos os jogos da Taça apesar de não estar em campo na final, por opção do técnico, fiquei no banco a apoiar a equipa e a saborear a nossa vitoria e o momento em que fizemos historia.





CC: Nessa época, o CF “Os Belenenses” espantou a Europa. Na 1ª eliminatória da Taça UEFA, eliminaram o detentor do troféu, o Bayer Leverkusen, com duas vitórias. Vitória por 1-0 na Alemanha (golo de Mladenov) e nova vitória por 1-0 no Restelo (golo de Adão). Como viveu essa eliminatória europeia?

Paulo Monteiro: Com muito orgulho, pois demonstrámos a grande equipa e família que nós Belenenses éramos.


CC: Mas depois de eliminarem o colosso alemão, acabaram por caír aos pés do Velez Mostar. Dois empates 0-0, levara tudo a ser decidido por grandes penalidades, no Restelo. Lembra-se?

Paulo Monteiro: Perfeitamente, o campo estava em péssimo estado o que não ajudou durante o jogo, acabando por ser decidido por grandes penalidades.




CC: Depois disso, terá sido já em 90/91, que terá vivido a sua pior experiência, com a descida do CF “Os Belenenses” à 2ª divisão....

Paulo Monteiro: Nesse ano houve uma mudança de direcção e de alguns jogadores, levando a que as coisas corressem mal logo de principio e não conseguimos recuperar.


CC: Mesmo assim, não saiu do Restelo e ajudou a colocar o clube, na época seguinte, novamente na 1ª divisão. Contudo, nessa época de regresso saiu para o Salgueiros. Como surgiu essa hipótese de ir pela primeira vez para o Norte, na sua carreira?

Paulo Monteiro: A oportunidade de ir para o Norte surgir através de um convite do empresário, Manuel Barbosa, pelo interesse que o Salgueiros e o Filipovic tinham em mim para o seu plantel.




CC: Uma época em Paranhos e, novo salto, desta vez para o SC Braga, onde ficaria três épocas. Como foi a sua passagem pela cidade dos Arcebispos?

Paulo Monteiro: O SC Braga estava a organizar uma equipa que tivesse capacidade para destaque a nível europeu. Foi uma óptima passagem visto os três anos que lá estive termo-nos mantido sempre na 1ª divisão.


CC: Faz a última época na 1ª divisão em 1995/96. Aos 32 anos ingressa no Estrela de Portalegre. Não terá deixado cedo demais, os “palcos principais”?

Paulo Monteiro: Talvez, mas foi também uma aposta minha ingressar numa equipa inferior e tentar fazer com que subisse de divisão. Algo que consegui concretizar.




CC: Mais de 10 anos depois, regressa ao Atlético, onde é treinado por Vítor Móia e tem como colegas Chiquinho Carlos e Silas, na época um jovem a despontar no nosso futebol. Como foi esse regresso a Alcântara?

Paulo Monteiro: É um clube carismático onde despontei. Despontei eu e, muitos outros. Voltar e ajudar o clube no final da minha carreira foi uma grande honra.


CC: Em 1998/99, regressa à margem Sul, para terminar a sua carreira GD Pescadores, na Costa da Caparica. Que balanço faz da sua carreira?

Paulo Monteiro: Foi uma carreira interessante e da qual tenho muito orgulho... Repleta de vitórias e boas recordações.




CC: Paulo Monteiro, o “Cromo dos Cromos” continua a teimar em manter viva a memória de todos aqueles que fizeram o nosso futebol, através da “colagem de cromos”. Que pensa no geral sobre este nosso projecto?

Paulo Monteiro: É bom fazer lembrar aqueles que já fizeram história.


CC: Para finalizar e agradecendo mais uma vez toda a sua disponibilidade, pode deixar umas palavras, para todos aqueles que habitualmente visitam este blogue?

Paulo Monteiro: Agradeço o interesse do blogue, pelo meu ponto de vista acerca da minha carreira e, a todos aqueles que me apoiaram enquanto jogador.


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Entrevista: João Brites.
Texto: João Brites.
Agradecimentos: Paulo Monteiro. Blogue "Glórias do Passado"




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